Por vezes troquei socos com o nada
Diversos os tempos, perdi para mim mesmo
Esbravejei minhas idéias... Pura loucura
Fingia girar o mundo, quando nada estava ocorrendo
Dizia-me um feliz caçador
Dizia-me um eterno em jovialidade
Entretanto, inúmeras vezes não tinha as flechas
E muito menos a tão cantada mocidade
Ainda que o corpo fosse jovem
Apegava-me a hábitos idosos
O ato de ser ranzinza tornara-se um atrativo
E eu deliciava-me com tal apreciação
Incontáveis foram às vezes em que nada falava
Só para que comentassem o meu jeito sério
Implicava até o momento de pararmos para um café
- Sim, adorava um café...
No início eram os gelados com inúmeros sabores
Mas com o tempo fui me apegando ao café puro
Com mais cafeína e menos açucares
Pensava ser um homem para tais bobeiras
Ainda que a barba fosse falha e mal vista
A ostentava e dizia a mim mesmo:
- Assim fico com um rosto mais robusto e de mais idade...
Não gostava da imagem que não a de um homem sério
Meus amigos me riam, como se fosse apenas uma baboseira
E eu, é claro pensava o mesmo de suas vestes e hábitos
É engraçado como em pouco tempo aprendemos tanto
Sobre o mundo e suas imperfeições...
Contudo as nossas imperfeições são as últimas a serem compreendidas
Damos-nos ao luxo de sempre ver o pé alheio
Mas nunca olhamos como os nossos também pisam o mesmo chão
Mesmo que caminhem em opostos caminhos
É preciso ficar velho para perceber
Como éramos impetuosos a nós mesmos...
Isso poderia ser tratado com vergonha
Mas digo que é apenas mais um traço da nossa lenta maturidade
Se já tiveres ido a uma sala de orquestra
Vai me entender... A melodia fica...
Mais sublime e entendida ao longo do tempo
No começo não entendemos muito bem...
Todavia, com o passar das notas e arranjos
Vamos nos deixando levar pelo sentimento do músico
No fim, ainda que atordoados, nos damos o direito de tirar conclusões
Ministramos até mesmo pequenos discursos sobre o ocorrido
Em vias reais a nossa vida é bem similar à música
Toda ela pode ser medida em compassos
Em pequenos arranjos
É uma pena muitos de nós não prestarem à devida atenção
Mas voltemos ao fato de que apenas alguns de nós
Conseguem ser plenos com suas vidas, quando ainda tem pouca idade
Se não fossem os espelhos obstáculos a serem vencidos por nossos corpos
Poderíamos dizer que seriamos felizes
Não seriamos capazes de ver as marcas de nossos erros...
E os anos passariam, continuaríamos impetuosos
Acho que esta idéia não foi bem alocada
Por ocasião, esqueçamos o dito sobre nossa triste beleza
Por que não podemos digerir e assimilar nossas experiências
De maneira a ficarmos com tamanhas bagagens ainda jovens?
Somos os únicos seres cuja maturidade demora tanto a nos bater a porta
Alguns nunca a ouvem bater, neste caso não sei dizer se já a ouvi...
Porém o motivo que me põe a frente do papel...
Não é quando ou como ficaremos maduros
Ou astutos o suficiente para iludirmos os nossos próximos
Com falsas experiências de pessoas formadas em vida
E sim um comportamento que pode ser que não seja tão diferente
Insisto em parecer mais velho e maduro
Quando deveria me esforçar para mostrar vitalidade e deixar apenas...
Que o ar da maturidade sente próximo a mim
Não deveríamos nos pressionar tanto
E pularmos etapas tão bonitas e únicas em nossas vidas
Fomos crianças, somos jovens, seremos adultos e ainda... Idosos
Eu ao fim deste texto viro mais uma página da minha jornada
Espero que você possa ter virado uma sua
E ver que a próxima será tão boa quanto a última
E teremos muito mais
Ainda...